Grupo composto por 100 generais e coronéis da mesma turma do ministro da Defesa, Fernando Azevedo da Silva, defendeu posse de Alexandre Ramagem na Polícia Federal mesmo após suspensão de nomeação determinada por STF.
O aviso partiu do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, que classificou a possibilidade de apreensão do celular do presidente Jair Bolsonaro como uma “afronta à autoridade máxima do Poder Executivo e interferência inadmissível de outro Poder” e que “poderá ter consequências imprevisíveis”.
A contundência do general em nota divulgada nesta sexta-feira (22) corresponde ao tom esperado por uma ala de militares da reserva, conhecidos como grupo “Agir”. Duas semanas atrás, três representantes desse núcleo – liderados pelo coronel Aristomendes Rosa Barroso Magno – encontraram o próprio Bolsonaro, pouco antes de seu pronunciamento em rede nacional naquela mesma noite.
Na audiência, além de solidariedade, os visitantes manifestaram ao presidente a decepção de setores da família militar pela forma moderada com que os comandantes das Forças Armadas vêm atuando na escalada da crise. Como diz o nome do grupo, composto por 100 generais e coronéis da mesma turma do ministro da Defesa, Fernando Azevedo da Silva, o que se espera é mais ação.
Instado a resumir o que entende por ação dos comandantes, Aristomendes Magno, oficial de Engenharia com 37 anos de caserna, explicou: “Cabe às Forças Armadas, como responsáveis pela manutenção das instituições, estabelecer um limites entre os poderes constituídos. Uma das atitudes seria garantir a posse do delegado Alexandre Ramagem na direção da Polícia Federal. Não entendo o posicionando até agora. O governo eleito é a representação da sociedade. Elas não podem fazer patrulhamento a favor do Governo, mas tem de defendê-lo”.
SILÊNCIO DOS COMANDANTES
Nos quartéis, são recorrentes as críticas ao que uma corrente dos oficiais considera “excessos do Judiciário” interferindo sobre o Poder Executivo. A recente decisão do ministro Alexandre de Morais, do STF, vetando a nomeação de Ramagem na PF, por entendê-la como um ato contrário ao critério da impessoalidade no preenchimento do cargo, ampliou ainda mais as críticas. Porém, não há sinais de que o oficialato estaria disposto a avalizar uma ruptura institucional numa eventual desobediência à decisão da Corte Suprema (o que acabou não se consumindo por enquanto), apesar da pressão exercida por setores mais ferrenhos.