Mato Grosso do Sul vem presenciando cenas de crimes que mais se assemelham a faroeste cinematográfico. Pessoas são executadas em plena luz do dia em emboscadas e os atiradores e mandantes de crimes quase nunca têm identidade revelada pois nem mesmo chegam a ser presos. Outra semelhança nos casos é o discurso evasivo de autoridades policiais para comentar os assassinatos, principalmente os que há muito tempo estão sem solução.
Os homicídios podem não ter os mesmos mandantes e executores, mas estão inter-relacionados por alguns pontos: as vítimas eram conhecidas por expor na mídia histórias que colocavam em risco autoridades, sensacionalistas no caso de alguns, enquanto outros incomodavam o alto escalão, como no caso de o ex-delegado Paulo Magalhães, aliás, entre este último, Paulo Rocaro e Eduardo Carvalho, que trabalhavam na imprensa – mortos em 2012 – há ainda a coincidência de os três serem ex-policiais.
Jogo do bicho pode estar envolvido na morte de delegado, crê promotor.
27/11/13

Durante a primeira das três audiências sobre a morte do delegado aposentado Paulo Magalhães, realizada nesta quinta-feira (21), o promotor de Justiça Humberto Lapa Ferri levantou a hipótese de o crime estar envolvido com o jogo do bicho. O policial foi assassinado a tiros no dia 25 de junho em frente à escola onde a filha estudava, na Rua Alagoas, no Jardim dos Estados, em Campo Grande.
De acordo com o promotor, “o crime é extremamente complexo e tem uma organização criminosa por trás dele, que pode ter relação com o jogo do bicho”. Para Humberto, agora, é necessário saber quem foi o mandante do assassinato.
Humberto ainda afirmou que a maioria das pessoas banaliza o jogo do bicho e sabe que a prática pode estar envolvida com vários tipos de crimes. “Alguém tem que puxar o gatilho. Eles (mandantes) só vão renovando os pistoleiros”, diz em relação aos idealizadores dos assassinatos.
Audiência – Aconteceu, nesta quinta-feira, a primeira audiência que escuta os envolvidos na morte de Paulo Magalhães. O guarda municipal José Moreira Freires, 40 anos, e o segurança Antônio Benites Cristaldo, 37, são acusados de participar do assassinato, sendo que Freires é apontado pela polícia como o pistoleiro.
Ao todo, 20 pessoas devem prestar depoimentos no Fórum de Campo Grande. Só na manhã, 11 testemunhas de acusação disseram o que sabiam na frente dos réus, de advogados, do promotor de Justiça e do juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri, Aluizio Pereira dos Santos. Nesta tarde, outras seis serão ouvidas. Três faltaram e podem ser reconvocadas.
No próximo dia 12 serão ouvidos os depoimentos de testemunhas de defesa de Benites. Já no dia 18, testemunhas de Freires prestarão depoimentos.
Os depoentes na manhã de hoje eram, em sua maioria, policiais e pessoas que tinham envolvimento com a moto utilizada no crime, uma Honda CB 300 vermelha e um guarda municipal que morava com Freires em uma estância na região da Avenida Três Barras.
As primeiras testemunhas a prestarem depoimentos tiveram envolvimento com a moto. Uma senhora moradora da Vila Popular comprou o veículo para a filha, que engravidou e, junto com o marido, decidiu vender a moto.
De acordo com as afirmações, a motocicleta foi passando de mão em mão, sem trocar a documentação, já que estava atrasada. Ao todo, foram três negociações de compra e venda até o veículo chegar às mãos de Antônio.
Depois de comprar o veículo e usá-los por alguns dias, Antônio pediu sigilo sobre a negociação. Ele falou que o veículo estava envolvido em um boletim de ocorrências. As testemunhas também disseram que o segurança era temido no bairro, além de ser conhecido por trabalhar para o dono do jogo do bicho.
Encontro ao acaso – Durante o depoimento de testemunhas foi relatado o encontro ao acaso que policiais da Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos) tiveram com acusados Freires e Rafael Leonardo dos Santos, 29. Este último foi encontrado morto próximo ao lixão, carbonizado, sem a cabeça, os pés e os braços, dias após o assassinato de Magalhães.
Uma viatura descaracterizada da Derf seguia para o Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros), um dia após o assassinato de Magalhães, quando um Fiat Pálio com placas de outro estado chamou a atenção dos policiais por que estava em alta velocidade e tinha os vidros escuros.
Após abordagens, os policiais liberaram os dois ocupantes do veículo, já que a documentação estava correta e eles não apresentaram nervosismo. Dentro do carro estavam Freires e Rafael. O primeiro se apresentou como guarda municipal e o segundo como trabalhador autônomo.
Quando chegaram ao Garras, os policiais da Derf comentaram sobre a abordagem do veículo. Imediatamente, os policiais do Garras perceberam que o Pálio abordado tinha semelhanças ao carro que dava cobertura para a moto CB 300 no dia do assassinato do delegado.
Os policiais das duas delegacias foram ao local da parada e pegaram imagens de segurança de um comércio. Após análises, eles verificaram que o veículo era semelhante ao utilizado na cobertura da moto no dia do crime.
As investigações do assassinato foram conduzidas pelo Garras, pela 1ª Delegacia de Polícia e pela DEH (Delegacia Especializada de Homicídios) conforme denuncias iam surgindo, além de informações que eram repassadas pelo setor de inteligência da Polícia Civil.
Posições – O advogado de defesa de Freires, Renê Siufi, afirma que os depoimentos das testemunhas foram contraditórios e que a polícia não avançou nas investigações. “A polícia usou uma linha de investigação e insistiu nessa linha”, avalia.
O magistrado evitou falar sobre o assunto. “Tudo ainda está em fase de apuração”, afirmou Aluizio Pereira dos Santos. Ele também lembrou que o advogado entrou com pedido de HabeasCorpus, que ainda será julgado pelo Tribunal de Justiça.
Freires já teve um pedido liberdade provisória negado por Santos, que justificou a decisão, na época, pela repercussão do caso e pelos indícios de autoria.
O histórico de mortes violentas e que não chegaram a ser desvendadas por completo começaram em outubro de 1997. O radialista Edgar Lopes de Faria, 48 anos, foi alvejado por tiros quando se dirigia à rádio FM Capital, no centro de Campo Grande, na qual apresentava o programa “Escaramuça”, seu apelido. Faria morreu no local do crime. As motivações para o assassinato também são ligadas à denúncias sobre a participação de policiais da cidade de Dourados (MS) em grupos de extermínio, corrupção de políticos e policiais. O caso segue impune.
Em Julho de 2008, Betão depõe sobre morte de sócio de semanário Boca do Povo.
Alberto Aparecido Roberto Nogueira, o Betão, 47 anos, que está preso no Presídio Federal de Campo Grande, foi ouvido no inquérito policial da Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado (Deco) que apura a morte de Edgar Pereira, sócio do semanário “Boca do Povo”. Ele também acabou sendo interrogado sobre outros crimes de grande repercussão ocorridos na Capital e, inclusive, sobre a acusação de ser pistoleiro do narcotraficante Fernandinho Beira-Mar.
De acordo com o titular da Deco, delegado Paulo Braus, Betão foi ouvido há cerca de 15 dias. Edgar Pereira foi assassinado com 12 tiros no dia 9 de junho de 2003. O caso está em sigilo e o delegado apenas disse que “várias pessoas” estão sendo ouvidas sobre o assassinato.
De acordo com o advogado de defesa, José Roberto Rodrigues da Rosa, o funcionário público negou qualquer participação no assassinato do sócio do “Boca do Povo”. Ele também negou participação em outros homicídios de grande repercussão investigados pela Deco. Betão prestou depoimentos sobre crimes envolvendo a máfia dos caça-níqueis. “Ele negou ter conhecimento”, destacou.
Suspeito de matar Betão teria sido vítima de ‘queima de arquivo’, diz polícia.
Mais de uma semana após a família de Mauro Andino Ocampos Lopez, de 26 anos, registrar o desaparecimento do rapaz e do amigo Oscar Ferreira Leite Neto, de 30 anos, a polícia paraguaia segue investigando o caso. Novas informações apontam que Mauro ainda foi visto na noite do dia 5, depois de sair com Oscar de um encontro marcado no Shopping China.
A princípio, a família de Mauro disse que ele foi visto pela última vez no dia 5 com Oscar, suspeito de participar da morte do investigador Anderson Celin Gonçalves da Silva, de 36 anos, e Alberto Aparecido Roberto Nogueiro, de 55 anos, o ‘Betão’, em abril de 2016. Os dois foram vistos saindo do Shopping China à tarde, na divisa com Ponta Porã, na Hilux placa BJP-26 do Paraguai.
No entanto, a Divisão de Homicídios da Polícia Nacional do Paraguai chegou até a informação de que Mauro ainda foi visto na noite do dia 5, por volta das 23 horas. Até o momento, a suspeita é que os dois tenham sido chamados para um encontro no Shopping China e de lá Oscar teria ido até Sanga Puitã, onde desapareceu.
Já Mauro teria passado na frente da casa onde morava por volta das 23 horas, com a Hilux, e depois disso não foi mais visto. A suspeita é de que ele buscaria alguma coisa na casa, mas por motivos ainda não informados, não parou com a camionete no local. Na residência foram encontradas roupas, documentos e outros pertences dos desaparecidos, dando a entender que teriam saído apressados para o encontro no shopping.
A polícia paraguaia já trabalha com a hipótese de que Oscar e Mauro tenham sido assassinados, mas as investigações ainda não levaram à comprovação dos fatos. Ainda para a polícia, há suspeita de que o caso seria uma ‘queima de arquivo’, por conta do envolvimento de Oscar com o homicídio de Betão.
Homicídio e prisão
‘Oscarzinho’ é filho de um vereador de Bela Vista e um dos suspeitos da morte do investigador da Polícia Civil Anderson Celin e do pistoleiro ‘Betão’. Os corpos dos dois foram encontrados totalmente carbonizados na manhã no dia 21 de abril de 2016, dentro da carroceria de uma camionete Hilux que estava abandonada na MS-384, na entrada de Bela Vista, a 323 quilômetros de Campo Grande.
No dia 2 de outubro, Oscar acabou preso durante uma fiscalização eleitoral da Polícia Federal ao ser flagrado com um revólver Magnum calibre 22, enquanto trabalhava com um político de Caracol, cidade distante 384 quilômetros da Capital. Na época, ele afirmou para a polícia ter comprado a arma por R$ 800 para se defender, já que estava recebendo ameaças por conta do duplo homicídio.
O flagrante foi transformado em prisão preventiva e ‘Oscarzinho’ ficou detido aproximadamente 2 meses até conseguir um habeas corpus. Mas, no dia 30 de janeiro, voltou a ter a prisão preventiva decretada pelo diretor da 1ª Vara de Bela Vista por “descumprimento de medida cautelar” determinada quando recebeu a liberdade. Desde de então, segundo a justiça, o suspeito estava foragido e morando no Paraguai.
Delegado Paulo Magalhães antes de ser assassinado por pistoleiros, denunciou AUTORIDADES de MS no CNJ, com envolvimento com o crime organizado “Jogo do Bicho”
Veja o vídeo:
Policial Civil morto com 30 tiros de fuzil na fronteira de MS.
Wescley era investigador de polícia e morreu em uma emboscada a poucos metros da casa dele, que fica bem perto da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã, onde é lotado. Ele saiu do trabalho de carro junto com uma estagiária para pegar algo em casa e, no caminho, foi FUZILADO com tiros de fuzil.
A estagiária foi atingida por tiro de raspão e encaminhada para o Hospital Regional de Ponta Porã. O carro em que ela e Wescley estavam ficou com marcas de tiros de fuzil Ak-47, que é de fabricação russa.
De acordo com a Polícia Civil, isso demonstra o alto grau de profissionalismo dos criminosos, porque houve grande quantidade de disparos e praticamente só acertaram o policial, que era o alvo.
Policiais de diversas delegacias de Campo Grande foram para Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, para auxiliar no trabalho de buscas aos suspeitos.
Sargento da Polícia Militar e chefe de segurança da Assembleia Legislativa é fuzilado por pistoleiros.