Ao menos quatro homens tidos pela polícia e pela Justiça como antigos líderes do tráfico de drogas no Rio de Janeiro compareceram a uma festa promovida pela Rede Globo para marcar o fim das gravações de uma série. Junto, o quarteto de ex-traficantes soma 73 anos de condenações.
O grupo de ex-detentos no evento da Globo contou com Celso Rodrigues, conhecido no mundo do crime como Celsinho da Vila Vintém, em alusão à favela carioca que fica entre os bairros de Padre Miguel e Realengo. Tido como antigo líder da facção criminosa Amigos dos Amigos e com 52 registros na ficha criminal, ele está solto desde outubro do ano passado, depois de 20 anos na prisão.
Chamado de Polegar, Alexander Mendes é citado pelas autoridades como ex-chefe do tráfico da Mangueira, outra favela da capital fluminense, conforme lembra o jornal Folha de S. Paulo. Ele chegou a ser preso duas vezes por tráfico de drogas e associação ao tráfico. Apesar de condenado a 22 de reclusão, ele deixou a prisão pela porta da frente — primeiramente por causa de decisão favorável ao regime aberto e, em outro momento, em decorrência da declaração de condenação extinta pelo Poder Judiciário.
Da turma que marcou presença na festa da Globo, ninguém supera Nei da Conceição Cruz, o Facão, em total de condenações: 26 anos e dez meses. Ele, que é citado como um ex-líder da facção Terceiro Comando Puro, permaneceu detido por 20 anos e ganhou liberdade condicional há três meses. Para não voltar à cadeia, ele não pode deixar o Estado do Rio de Janeiro e tem que manter uma ocupação profissional lícita.
Chefe dos traficantes da favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, durante anos, Amabílio Gomes Filho, o MB, é quem tem o menor tempo de condenação entre os ex-traficantes que foram à festa organizada pela Rede Globo. Ele foi condenado a cinco anos de prisão.
Parceiro da Globo enaltece presença de ex-traficantes
Até o momento, a Globo não se manifestou a respeito da presença de quatro ex-traficantes de drogas na festa realizada em 17 de abril. Além de confirmar que os ex-presidiários estiveram no evento, o fundador do AfroReggae Audiovisual e produtor da série que motivou a realização da festa em questão, José Júnior enalteceu o trabalho de quem deixou o sistema carcerário. Ele sinalizou ser comum a presença dessas pessoas em projetos de TV.
“Muitos desses egressos trabalham nas nossas séries. As pessoas da foto cumpriram as suas penas, não reincidiram e têm o direito legal de ter uma segunda chance”, disse Júnior.