O programa, que tem o apoio do Mapa, vai conectar o agricultor familiar com a cadeia do valor do milho, estimulando o desenvolvimento sustentável, o aumento da produtividade e renda.
Lançado nesta quinta-feira (10), o programa Prospera visa fortalecer a cadeia produtiva do milho (grão e silagem) na Região Nordeste, principalmente por meio da qualificação e capacitação de pequenos agricultores, com foco no plantio e na comercialização.
A iniciativa ofertará treinamentos teóricos e práticos sobre o manejo correto da lavoura, assistência técnica presencial e digital para que os beneficiários possam produzir com técnicas modernas de cultivo, melhorando a produtividade. Serão realizadas oficinas de capacitação, palestras, encontros, ações de apoio técnico, entre outros. O objetivo do Prospera é impactar mais de 50 mil pequenos agricultores nos próximos cinco anos, ajudando-os a abastecer a cadeia local.
O Prospera será implementado inicialmente em Alagoas, no Ceará, na Paraíba, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte. De acordo com estudo da equipe técnica do programa, utilizando dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da Corteva Agriscience, esses estados produzem, juntos, aproximadamente 900 mil toneladas de grãos/ano, mas há uma demanda local estimada em mais de 6,6 milhões de toneladas impulsionada pelos setores aviário e pecuário.
O programa atuará na conexão do agricultor com a cadeia do valor do milho, fortalecendo a agricultura familiar e estimulando o desenvolvimento sustentável, promovendo o aumento da produtividade e renda.
Durante a cerimônia de lançamento do programa, um documento para a execução das atividades foi assinado pela ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento), pelo presidente da Corteva Agriscience para o Brasil, Roberto Hun; pelo presidente institucional da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Cesário Ramalho da Silva; pelo presidente da AGCO América do Sul e líder Global Massey Ferguson, Luís Felli; e pelo presidente da Yara Brasil, Olaf Hektoen.
“O Nordeste brasileiro precisa de milho, pois é importador de milho para o seu mercado interno. Tenho certeza que, com esse programa Prospera, que envolve genética, máquinas, fertilidade do solo de maneira correta e assistência técnica, junto com as políticas públicas do Ministério da Agricultura, será um sucesso”, destacou a ministra.
Pelo volume e versatilidade, a cultura do milho assume papel de destaque, uma vez que se trata de um produto estratégico para a segurança alimentar, utilizado tanto para a nutrição humana quanto para a alimentação animal. Além disso, é cultivado para a extração do bioetanol e utilizado como insumo em diversos segmentos industriais.
“Nós temos aqui no Brasil o maior e o mais diverso banco genético de milho e com isso podemos desenvolver híbridos materiais, sementes de milho que têm um maior potencial produtivo com essa questão do estresse hídrico, com índices pluviométricos de 300 e 400 milímetros por ano”, explicou o presidente da Corteva Agriscience para o Brasil, Roberto Hun.
O secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Mapa, Fernando Schwanke, destaca que a parceria é mais uma das ações do Mapa para melhorar a vida dos agricultores familiares, proporcionando acesso ao conhecimento.
“Vamos para a região que tem o maior desafio e tem a metade da agricultura familiar do Brasil, para fomentar uma produção que é importante para esses agricultores, quebrando barreiras tecnológicas, por meio da tecnologia que a iniciativa privada traz, para desenvolver uma cultura que é extremamente importante e está enraizada na cultura do nordestino”.
Para o presidente da Yara Brasil, Olaf Hektoen, o Prospera “é um bom exemplo de, justamente, unir a capacidade do agricultor brasileiro e as parcerias público-privadas para ajudar a alimentar o mundo e, ao mesmo tempo, fazer isso de uma forma sustentável”. A empresa atua no ramo de nutrição de plantas.
Já o presidente da AGCO América do Sul e líder Global Massey Ferguson, Luís Felli, explicou que é possível levar a modernização que faz parte do dia a dia do produtor rural do Centro-Sul para os produtores do Nordeste. “A precisão no plantio, de colocação no momento exato, de não deixar aqui duas sementes que caiam no mesmo lugar, é uma tecnologia de ponta encontrada em máquinas de grande porte que hoje está embarcada também em máquinas de pequeno porte, que pode ser utilizada por um produtor pequeno, um produtor familiar, o qual pode ter a mesma competitividade que o grande produtor”.
O presidente institucional da Abramilho, Cesário Ramalho da Silva, ressaltou a importância de o programa valorizar a agricultura familiar. “A nossa mesa, os nossos alimentos durante todos os dias, as mesas simples ou as mesas mais sofisticadas, elas estão permeadas de alimentos que vêm da agricultura familiar. Eles são os nossos irmãos brasileiros que precisam do apoio e o Prospera chega numa região que tem demanda de milho”.
Piloto
Em 2017, foi realizada uma etapa piloto do programa, em Pernambuco, com 45 participantes. A Corteva observou que os agricultores praticavam agricultura de subsistência, por meio de um sistema produtivo ultrapassado.
Após adotarem técnicas modernas de cultivo, os produtores ampliaram a produtividade de 13 sacas por hectare de milho, indicador médio do estado, para 80 sacas.
Em 2019, o programa firmou acordo de cooperação com universidades e escolas técnicas locais para capacitar estudantes.
Nesta nova etapa, por meio de diversos parceiros, o programa espera encontrar formas de dar escala a estas ações, conectando um maior número de pequenos agricultores de milho com a cadeia de valor para produção e comercialização.
A expectativa é que a combinação das tecnologias e soluções agrícolas leve a um novo recorde produtivo dentro do Prospera, que hoje é de 125 sacas por hectare.
Cadeia do milho
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho, de acordo com levantamento do Banco de Nordeste de 2018. A produção é voltada essencialmente para o abastecimento interno, principalmente para alimentação de animais.
A avicultura (25,8%) e a suinocultura (13,6%) respondem pela maior parte do consumo nacional. Uma parcela pequena, 2%, é direcionada para o consumo in natura pela população. No Nordeste, o milho é ingrediente básico da culinária e um cereal relevante para a população de baixa renda.