Um complô contra o senador Flávio Bolsonaro foi identificado por procuradores da Operação Lava Jato, ainda em janeiro de 2019. Cerca de um mês depois de o jornal O Estado de São Paulo ter recebido um relatório do Conselho de Atividades Financeiras (COAF) que deu origem a uma investigação ilegal contra o filho do presidente.
À época, a informação foi compartilhada no grupo de Telegram chamado “Filhos de Januário 3”, composto por procuradores do Brasil inteiro, na ocasião, alguns deles riram e ignoraram o crime de vazamento. Quem trouxe a informação no grupo foi Deltan Dallagnol no dia 22/01/2019, conforme trecho do diálogo abaixo:
22 de Janeiro 2019 – CHAT – FILHOS DE JANUÁRIO 3
- Deltan – “Identificamos a fonte do vazamento dos dados da família Bolsonaro!! COAF e MP juntos!
- 19:44:25 Roberson MPF – Hahaha
- 19:44:38 Jerusa – Kkkkkk”
Dois dias depois, a procuradora Jerusa Viecili compartilha o link de uma matéria de um dos coordenadores da Lava Jato, José Alfredo de Paula Silva saindo em defesa do COAF, mesmo depois de os promotores terem a ciência que o vazamento aconteceu pelo MP e o próprio COAF. Confira abaixo:
24 de Janeiro 2019 – CHAT – FILHOS DE JANUÁRIO 3
- Jerusa – https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/01/24/coordenador-da-lava-jato-na-pgr-critica-pedido-de-flavio-bolsonaro-ao-stf-e-sai-em-defesa-do-coaf.ghtml
- 12:57:20 Roberson MPF Caraaaaaca
- 12:57:40 Roberson MPF Essas aspas vão esquentar o trem
- 12:59:27 Laura Tessler – Raquel deve estar dando pulos de 100m.
Foi somente uma brincadeira entre colegas de trabalho, diz MPF
Em nota, o MPF diz de forma genérica, não reconhecer os diálogos, mas que a fala foi somente uma brincadeira entre colegas de trabalho, mesmo tratando-se de um assunto sério. Veja a íntegra da nota do MPF:
- Os procuradores da República que a integraram força tarefa Lava Jato reafirmam que não reconhecem a autenticidade e a veracidade das mensagens criminosamente obtidas por hackers que estão lhe sendo atribuídas. Os supostos diálogos constantes nessas mensagens, editados, descontextualizados e deturpados, vem sendo utilizados de forma deliberada e sistemática por condenados da operação e simpatizantes que, não conseguindo enfrentar as provas e fatos que constam em centenas de autos judiciais, limitam-se a fazer e renovar, por dezenas de vezes, falsas acusações.
- No caso específico, ainda que os diálogos tivessem ocorrido da forma como são apresentados – embora não se reconhece seu conteúdo – as mensagens mostram, evidentemente, somente uma brincadeira entre colegas de trabalho. Qualquer interpretação diferente que se faça da questão, além de ser totalmente contrária ao contexto jocoso revelado pelas próprias supostas mensagens, não tem qualquer amparo na realidade. A força-tarefa do caso Lava Jato em Curitiba tinha atribuição limitada à investigação de crimes relacionados à empresas do Grupo Petrobras, não alcançando eventuais investigações relacionados ao presidente ou a sua família.