Disputa pela 2ª secretaria pode rachar a base aliada de Riedel na Assembleia

A disputa pela 2ª secretaria da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) entre os deputados estaduais Coronel David (PL) e Pedro Kemp (PT) pode provocar um racha na base aliada do governador Eduardo Riedel (PSDB) na Casa de Leis.

No almoço realizado na quarta-feira (25) entre Riedel e os parlamentares, fontes ouvidas pelo Correio do Estado revelaram que tentaram dissuadir Coronel David do interesse pelo cargo, mas não tiveram sucesso, pelo contrário, os ânimos ficaram mais acirrados.

Além disso, até dentro do primeiro escalão do governador, muitos entendem que o PT já foi contemplado com cargos na administração estadual e, portanto, não precisariam mais integrar a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa.

Esses mesmos integrantes da gestão estadual também argumentaram que a 2ª secretaria da Casa de Leis seria até pouco pela lealdade demonstrada pelo Coronel David nas eleições gerais do ano passado, quando se posicionou em favor da candidatura de Eduardo Riedel para governador.

A reportagem entrou em contato com alguns deputados estaduais sobre a disputa pelo cargo entre David e Kemp, a maioria disse estar do lado do parlamentar do PL.

Dessa forma, o deputado estadual Coronel David só perderia a 2ª secretaria da Mesa Diretora no voto caso tenha interferência externa, se isso não ocorrer, dificilmente o deputado estadual Pedro Kemp venceria.

Afastamento

Na eventualidade de ocorrer essa interferência, fontes próximas ao deputado estadual do PL pode se distanciar da base aliada, dificultando um pouco a “harmonia” pregada pelo governador no almoço de quarta-feira (25) com os parlamentares.

Procurado pelo Correio do Estado, Coronel David não confirmou um possível afastamento da base aliada do governador Riedel, mas reforçou que não abrirá mão da disputar pela 2ª secretaria da Assembleia Legislativa.

“Minha ideologia é de direita, enquanto a do Pedro é de esquerda, o que inviabiliza que possamos votar um no outro. Acredito que obterei os votos necessários para ser eleito para o cargo”, acrescentou o parlamentar do PL, confiante na vitória.

A reportagem obteve a informação que Coronel David já teria os apoios dos deputados estaduais Zé Teixeira (PSDB), Neno Razuk (PL), João Henrique Catan (PL), Pedro Pedrossian Neto (PSD), Antonio Vaz (Republicanos), Rinaldo Modesto (Podemos), Roberto Hashioka (União Brasil), Lucas de Lima (PDT) e Rafael Tavares (PRTB), além do próprio voto.

Outro ponto favorável ao parlamentar do PL é que muitos colegas de Assembleia Legislativa estariam demonstrando indignação em votar no petista Pedro Kemp, pois o PT já conseguiu vários cargos na administração estadual e forçar a obtenção da 2ª secretaria da Assembleia Legislativa pode ter reflexos na Casa de Leis.

Pedro Kemp também confirmou ao Correio do Estado que vai concorrer ao cargo. “Sim, o meu nome está sendo indicado pelo partido”, afirmou, completando que defende uma chapa de consenso. “Vamos entrar em um entendimento”, garantiu, negando que terá uma disputa.

Polarização

Na prática, conforme apurado pela reportagem, a disputa nem é tanto pela importância da 2ª secretaria da Assembleia Legislativa, seria mais porque os dois interessados representam, no Estado, a polarização direita versus esquerda.

O deputado estadual Coronel David é ferrenho defensor do ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), enquanto o deputado estadual Pedro Kemp é do mesmo partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Dessa forma, nenhum dos dois aceita recuar, pois passaria para os seus eleitores uma derrota para um adversário político direto em nível nacional e estadual.

Essa disputa deve ser apenas o primeiro “round” da briga entre PL e PT dentro da Casa de Leis, afinal, as bancadas dos dois partidos terão três integrantes cada – Coronel David, Neno Razuk e João Henrique Catan pelo PL, enquanto pelo PT são Pedro Kemp, Amarildo Cruz e Zeca.

Para acirrar ainda mais a contenda, o PRTB elegeu Rafael Tavares, outro ferrenho defensor de Jair Bolsonaro, o que deve tornar os debates na Casa de Leis muito acalorados nesta legislatura.

Saiba: Conheça as atribuições do 2º secretário – As principais atribuições são: fiscalizar a redação das atas e proceder sua leitura; anotar as retificações ou as observações sobre as atas que forem mandadas consignar pela presidência; assinar, depois do 1º secretário as atas das sessões, emendas à Constituição, as resoluções da Assembleia e os atos da Mesa; redigir a ata das sessões secretas; anotar os votos dos deputados nas votações nominais; colher nos pleitos secretos os votos dos deputados e proceder a sua apuração, nos termos do regimento; entre outras.