O presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, iniciou nesta semana as articulações para que o atual presidente da República, Jair Bolsonaro, seja transformado no principal puxador de votos da legenda nas eleições para as prefeituras, que ocorrem em 2024. Bolsonaro, que deixa a Presidência da República no próximo dia 31 de dezembro, terá um cargo com salário na direção do partido a partir de janeiro.
Para fortalecer o papel de Bolsonaro na legenda, o presidente do partido pretende anunciar, na próxima terça-feira, 7, a colocação do PL como oposição no Congresso ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. O PL teve a maior bancada eleita nas eleições de outubro, com 99 deputados federais. No Senado, o PL fez 14 dos 27 novos senadores eleitos.
A expectativa é que o número de parlamentares cresça ainda mais em abril, quando uma nova janela partidária tem início e novos parlamentares podem mudar de legenda, sem risco de perderem o mandato. A busca de novos nomes está intensificada, sobretudo porque a direção do partido também trabalha com baixas, segundo fontes ouvidas por Oeste.
Nesta semana, logo após o fim das eleições, já circulava no Congresso a possibilidade de que parte dos parlamentares do PL pudessem votar acompanhando as orientações do novo governo de Lula. Não seria novidade, uma vez que o próprio Valdemar da Costa Neto já foi apoiador do petista em governos anteriores. Dessa vez, contudo, o presidente da legenda rechaça a ideia.
PL quer deputados ao lado do puxador de votos
A fim de evitar turbulências, Valdemar da Costa Neto mandou recados aos parlamentares da legenda ainda na sexta-feira, a fim de que todos os eleitos sob a sombra do presidente da República não abandonem o barco. Costa Neto quer aproveitar a bancada inflada e Bolsonaro como cartão de visitas para fortalecer o partido como oposição e, assim, causar dificuldades para negociações que o novo governo Lula precisa colocar na mesa. Segundo aliados ouvidos por Oeste, Valdemar também visualiza a chance de aumentar o número de prefeitos eleitos em 2024.
Como funcionário do partido, Bolsonaro vai ser pago por meio do fundo partidário e terá liberdade para percorrer as principais cidades do país, auxiliando os candidatos da legenda que buscam as prefeituras na próxima eleição.
A Bolsonaro essa também será uma forma de manter sua visibilidade, já que a partir de janeiro será a primeira vez em 32 anos que Bolsonaro ficará sem a prerrogativa do foro privilegiado, uma vez que não terá mandato eletivo. O PL, contudo, descarta, ao menos no momento, a possibilidade de Bolsonaro concorrer à prefeitura do Rio de Janeiro em 2024.