O presidente Jair Bolsonaro, mesmo sem mandato, vai ser uma pedra incômoda no sapato de Lula. O chefe do Executivo conseguiu 58.206.474 votos, contra 60.345.999 do petista, uma diferença de pouco mais de 2 milhões, tornando-o a maior força política de oposição do país.
Apesar de ter perdido ontem, o presidente da República elegeu dois governadores: o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo, e o senador Jorginho Mello, em Santa Catarina (PL) — além de oito, no primeiro turno. Bolsonaro ainda conseguiu eleger uma bancada majoritariamente liberal-conservadora, que deve ser resistência no Congresso.
O PL, escolhido pelo presidente para disputar a reeleição, teve um desempenho extraordinário. O partido conseguiu 99 deputados, a maior bancada da Câmara — performance só registrada no passado pelo extinto PFL, na década de 1990. No Senado, terá 13 cadeiras, também a maior bancada. Os números credenciam a legenda a disputar a presidência das Casas a partir do ano que vem.
Na Câmara, juntam-se ao PL outras legendas conservadoras, como o PP (47 deputados e 7 senadores) e o Republicanos (41 e 3). Se somadas as cadeiras de partidos que hoje formam o chamado “centrão”, como o União Brasil, o PSD, siglas nanicas e parte do MDB e do PSDB, desenha-se uma massa capaz de aprovar emendas à Constituição — que exigem quórum qualificado (três quintos dos deputados, o equivalente a 308 votos) —, abrir CPIs e comandar as principais comissões temáticas, como Comissão de Constituição e Justiça.