Elas eram contratadas com salários de até R$ 14 mil, recebiam menos de 10% disso e o restante ficava com o senador.
O ex-presidente do Senado e atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante do Senado, Davi Alcolumbre, foi acusado por seis ex-funcionárias de seu gabinete de embolsar cerca de R$2 milhões de seus salários durante quatro anos, além de demitir duas delas grávidas.
De acordo com reportagem da revista Veja, Marina, Lilian, Erica, Larissa, Jessyca e Adriana são pobres moradoras do DF e entorno que foram aliciadas por Alcolumbre e funcionários de confiança para emprestarem seus nomes a um esquema antigo de exploração de funcionários e apropriação de dinheiro público: a rachadinha.
As histórias são praticamente idênticas, elas eram contratadas, apareciam no Senado para entregar documentos, cartão e senha de uma conta bancária aberta especificamente para o roubo. Assim, no dia do pagamento, os salários, benefícios e auxílios eram sacados integralmente e um depósito irrisório era feito na conta de uso pessoal das “assessoras”.
A soma dos vencimentos chegava a R$14 mil mensais, mas apenas R$1.350 eram repassados às funcionárias. Segundo Marina, a proposta foi feita pelo próprio Alcolumbre. “O senador me disse assim: ‘eu te ajudo e você me ajuda’”, disse. Ela também explica que estava desempregada e aceitou receber apenas R$1.350 do salário de mais de R$14 mil. “A única orientação era para que eu não dissesse para ninguém que tinha sido contratada no Senado”, detalhou.
Duas das assessoras fantasmas estão processando o senador, mas não pelo esquema em si. Ambas foram demitidas sem qualquer aviso prévio, o que é normal em cargos de confiança no serviço público. O problema é que, além de não terem recebido as verbas rescisórias, ambas estavam grávidas e não poderiam ser demitidas antes do fim da licença maternidade.
O senador disse apenas que se concentra na atividade legislativa e que contratação de funcionários e outras questões administrativas ficavam sob responsabilidade do então chefe de gabinete Paulo Boudens, exonerado ainda em 2020.
Infelizmente, a prática é bastante comum no Congresso e em nos legislativos estaduais e municipais, mas, felizmente, começou a ser denunciada pelas pessoas aliciadas.