Argentinos vão às ruas após derrota eleitoral do governo

Manifestantes pedem mais alimentos para a população necessitada e a criação de empregos.

Movimentos sociais argentinos realizaram nesta quinta-feira (16) a primeira grande manifestação nas ruas após a derrota governista nas eleições primárias do último domingo (12), de modo pressionar o governo a entregar mais alimentos à população necessitada e criar mais empregos, no contexto da recessão vivida no país há três anos e meio.

Manifestantes de organizações sociais de esquerda que não apoiam o governo de Alberto Fernández protestam na capital argentina em direção à sede do Ministério do Desenvolvimento Social, onde já tinham se manifestado em massa há um mês, após o chefe desse ministério ter substituído Juan Zabaleta.

Entretanto, a manifestação ocorre depois que vários ministros do setor liderado pela vice-presidente, Cristina Kirchner, deixaram os cargos à disposição do presidente na quarta-feira, o que abriu uma crise no Executivo após o partido no poder ter perdido as primárias de domingo para definir os candidatos legislativos para as eleições de 14 de novembro.

– Não há razão para não realizar a manifestação – disse Eduardo Belliboni, líder do Polo Obrero, um dos grupos que marcharam nesta quinta-feira.

Para ele, qualquer que seja o lado que ganhe a luta interna “o resultado será mais ajustado”. O líder frisou que a manifestação “não tem nada a ver com a crise política que está ocorrendo” e que a luta pelo poder “não tem nada a ver com as necessidades da população”.

protestos argentina

As manifestações sociais aumentaram neste ano na Argentina, diante da crise econômica que o país atravessa, agravada pela pandemia de Covid-19, e tendo em vista as eleições legislativas.

Belliboni disse que os grupos querem que “coisas elementares comecem a ser discutidas no país”, como emprego, educação, alimentação e assistência social de emergência.

Ele recordou que a principal exigência “é trabalho genuíno” e que há um mês foi apresentada a Zabaleta uma pasta com 100 mil pessoas com ofícios para que pudessem trabalhar em obras públicas, que ele acredita poder “reativar a construção” e fazer com “que as pessoas possam viver do seu trabalho”.

Belliboni afirmou que mesmo que a coalizão governamental chegue a um acordo e haja uma mudança no gabinete de ministros, isso não vai gerar uma solução:

– Estas pessoas não têm uma política para resolver o problema dos trabalhadores.