Trechos de mensagens obtidas pela operação Spoofing, que investiga o vazamento de mensagens de celulares de autoridades, apontam indícios de que a ministra Cármen Lúcia do STF (Supremo Tribunal Federal) orientou membros da operação Lava Jato a manterem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva preso, em 2018, quando uma ordem do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª região) determinou a soltura do líder petista.
As mensagens constam em uma petição encaminhada ao STF pela defesa do ex-presidente, no processo em que é questionada a isenção do ex-juiz Sergio Moro, nas denúncias envolvendo Lula, nesta 5ª feira (4.mar.2021). Leia a íntegra (3,2 MB).
Nas mensagens anexadas ao documento, Deltan Dallagnol conversa com outros membros da força-tarefa do MPF (Ministério Público Federal), sobre a situação envolvendo a possível libertação de Lula. Segundo a transcrição, ele afirma ter conversado com Cármen Lúcia e diz que a ministra falou com o então ministro da Justiça, Raul Jungmann, orientando para que a ordem do TRF-4 não fosse cumprida.
“Carmem Lúcia ligou pra Jungman e mandou não cumprir e teria falado tb com Thompson”, disse Deltan. À época, a ministra presidia o STF.
Thompson seria uma referência ao juiz federal Thompson Flores, presidente do TRF-4 à época da decisão que determinou a soltura de Lula. Foi dele quem partiu uma segunda determinação que suspendeu a libertação do ex-presidente. O alvará de soltura havia sido expedido pelo juiz Rogério Favreto.