George Soros: O louco bilionário que financia a esquerda “Fétida” pelo mundo.

Com uma fortuna estimada em mais de 25 bilhões de dólares, George Soros é hoje uma das trinta pessoas mais ricas do mundo. Húngaro naturalizado americano, Soros está com 86 anos de idade e tem influenciado governos e mercados desde o início da década de 90, quando ficou conhecido como o “homem que quebrou o Banco da Inglaterra”. Mas o interesse sobre ele aumentou ainda mais nos últimos anos. O ressurgimento de Soros se deve ao seu pesado financiamento a políticos e projetos progressistas ao redor do mundo, uma aparente contradição para alguém que fez fortuna especulando no mercado. As dúvidas sobre suas intenções são grandes: afinal, até onde o bilionário quer chegar em seu projeto global?

Uma história de cinema

A história daquele que hoje é um dos homens mais influentes do mundo começa na Hungria, em tempos difíceis – e é também uma história de sobrevivência. Seu pai era advogado e a família vivia com conforto para o padrão de vida húngaro da época, solidamente assentada na classe média de Budapeste, mas a existência estava em constante risco: judeus não praticantes, eram vistos com crescente desconfiança em uma Europa que se tornava cada vez mais antissemita.

Soros nasceu em 1930, em meio à Grande Depressão, e seu sobrenome original era outro: Schwartz. O pai, Teodoro, optou pela mudança em busca de algo que soasse menos judeu e permitisse à família ficar em paz. Não seria a última grande mudança pela qual eles passaram: George Soros tinha treze anos de idade quando os nazistas marcharam sobre Budapeste e começaram a deportar judeus para Auschwitz. Foi após o próprio Teodoro receber uma ordem de deportação que a família decidiu comprar documentos falsos, indicando que na realidade era cristã.

Os Soros sobreviveram à Segunda Guerra, mas a situação dos judeus na Hungria não melhorou com a ocupação soviética: George emigrou para a Inglaterra, estudou filosofia na London School of Economics, onde foi pupilo de Karl Popper. Em meados dos anos 50, após um curto período trabalhando como caixeiro-viajante, Soros conquistou seu primeiro emprego em um banco de investimentos londrino. Nunca mais saiu do mercado financeiro. Mudou-se para Nova York, tornou-se cidadão americano e, ao longo das duas décadas seguintes, desenvolveu seu pensamento e suas estratégias econômicas. Em 1969, fundou sua própria firma de investimentos e viu o tamanho da fortuna que possuía crescer exponencialmente: nas quatro décadas seguintes, a Soros Fund Management rendeu, em média, 20% ao ano.

O homem que quebrou o Banco da Inglaterra

A primeira vez que George Soros conquistou as manchetes do mundo inteiro foi no início da década de 90, quando ficou conhecido como o “homem que quebrou o Banco da Inglaterra”. Considerando a posição britânica insustentável dentro do então chamado “Mecanismo Europeu de Taxas de Câmbio” (ERM, na sigla em inglês), Soros havia comprado libras nos meses anteriores, acreditando que mais cedo ou mais tarde o país acabaria por desvalorizá-la a um valor abaixo do limite definido pelo ERM. Foi o que aconteceu: apostando contra a libra esterlina, Soros lucrou 1 bilhão de dólares em apenas um dia, a chamada “Quarta-Feira Negra”, em 16 de setembro de 1992.

A boa leitura de mercado, e os efeitos que isso havia tido na política (o Partido Conservador havia vencido as eleições britânicas em abril daquele ano com 42% dos votos, e após a “Black Wednesday” seu apoio popular despencou para 29%), fizeram com que as posições de Soros passassem a ser acompanhadas com interesse redobrado. Nos anos seguintes, sua fortuna continuou a aumentar, e sua influência cresceu na mesma proporção. O bilionário se tornou um destacado filantropo, mas pouco a pouco ficou claro o tipo de ideias que financiava, a partir de suas Open Society Foundations, criadas em 1993: organizações não-governamentais e candidatos com ideias progressistas, de esquerda e antissistema.

Em seu livro de 1987, A Alquimia das Finanças, Soros havia mostrado o tamanho da ambição que o movia: “Dizendo sem rodeios, eu me imaginava como uma espécie de deus ou um reformista econômico como Keynes, ou, melhor ainda, me imaginava como Einstein. Meu senso de realidade era forte o bastante para me fazer entender que essas expectativas eram excessivas, e eu as mantive escondidas […] Mas, conforme fui avançando, a realidade se aproximou o bastante da minha fantasia para que eu admitisse esse segredo, pelo menos para mim mesmo. Não é preciso dizer que me sinto muito mais feliz por causa disso”. Cada vez mais, Soros parecia mais determinado a cumprir o destino de grandeza que dizia ter imaginado para si mesmo.

O “globalismo”

A verdade é que George Soros já havia utilizado seu poder econômico antes: ainda em 1979, uma versão embrionária da Open Society começou a fornecer bolsas de estudo para negros sul-africanos em meio ao Apartheid. O próprio nome da organização – literalmente “sociedade aberta” – vinha da filosofia de seu mentor na London School of Economics, Karl Popper, e do francês Henri Bergson, e indicava a necessidade de uma abertura em diferentes aspectos: abertura às novas ideias, à crítica das tradições, à tolerância; sempre com o argumento de buscar governos menos autoritários e mais inclinados à defesa da liberdade e dos direitos humanos.

Nos anos 80, as Open Societies de Soros começaram a financiar, direta ou indiretamente, grupos que lutavam contra o regime socialista no Leste Europeu: primeiro apoiou o Solidariedade de Lech Walesa, na Polônia, e em seguida canalizou recursos para grupos de oposição na Tchecoslováquia, na União Soviética e na sua Hungria natal. Após a queda do muro de Berlim em 1989 e o colapso definitivo da URSS dois anos mais tarde, o dinheiro de Soros continuou a moldar o contexto político desses países, agindo sobre os grupos que se debatiam pelo poder nas novas democracias pós-socialistas.

A mudança fundamental que a Open Society fundada nos anos 90 trouxe foi uma atuação cada vez maior de Soros também nas grandes nações capitalistas ocidentais – financiando, nelas, grupos que muitas vezes se diziam de esquerda. A aparente contradição de um grande bilionário e especulador financiando grupos progressistas é explicada pelo mesmo tipo de ideias que havia guiado suas ações anteriores: Soros está por trás de grupos que contrariam posturas e valores tradicionais, e aposta alto nas organizações que julga capazes de empurrar a sociedade no rumo dessas mudanças sem, no entanto, ameaçar realmente o sistema capitalista que possibilita sua fortuna e seu poder.

No contexto atual, isso indica uma interseção com boa parte das esquerdas ao redor do mundo: grupos que lutam pela legalização das drogas, pelo aborto, pelos direitos de homossexuais e pelo feminismo, pela redução do peso da religião sobre a legislação, entre outras medidas. É daí, também, que vem a desconfiança da direita em relação aos interesses de George Soros: por colocar seu dinheiro contra as instituições e tradições, estaria colocando em xeque o que os conservadores consideram ser os valores básicos da sociedade ocidental, e abrindo margem para um perigoso “globalismo” – em que esses valores viriam de cima para baixo, de uma espécie de “governo global” (que não precisa existir na prática, e sim nas ideias), que dita o certo e o errado e não se preocupa com as especificidades de cada país.

Em um podcast intitulado “Não é você que pensa o que pensa – George Soros pensa por você”, o analista político Flavio Morgenstern dá exemplos atuais de organizações que já colocariam em prática preceitos dessa sociedade “global”: em um plano muito mais prático, a União Europeia, como uma unidade que define políticas além das fronteiras e soberanias nacionais; de forma mais ligada às ideias, a ONU, órgão transnacional máximo, onde a representação de cada país é extremamente indireta, mas cujas resoluções são raramente questionadas apesar disso.

George Soros nos escritórios da Open Society, em Nova York | JOSHUA BRIGHT/NYT

A extensão do poder

Em agosto de 2016, uma série de vazamentos, conhecida como “Soros Unleashed” e divulgados pelo site DC Leaks, ajudou a compreender a extensão dos investimentos de Soros em diferentes níveis da política mundial, inclusive em organizações brasileiras, particularmente aquelas ligadas a movimentos de desmilitarização da polícia e descriminalização das drogas. De acordo com o material vazado, a Open Society destina cerca de 37 milhões de dólares a projetos na América Latina.

A influência de Soros é muito maior nos Estados Unidos, onde seus laços com o Partido Democrata são tão estreitos que o programa humorístico Saturday Night Live já fez piada dizendo que o bilionário era o “dono” do partido. Republicanos acusam Soros de ter indicado a dedo nomes fortes do governo de Bill Clinton, ter dado o pontapé inicial nas doações de campanha de Barack Obama e, mais recentemente, ser o grande financiador de Hillary Clinton – pelo menos 25 milhões de dólares teriam saído dos bolsos de Soros para impulsionar sua candidatura. Michael Vachon, assessor de imprensa de Soros, defendeu o investidor recentemente: “ele está sempre fazendo lobby por um propósito público, nunca por lucro privado”, disse, acrescentando que o bilionário só age a partir de uma visão de longo prazo.

Nos últimos anos, a ascensão de grupos nacionalistas ao redor do mundo contribuiu para semear ainda mais contrariedade às posturas de Soros no cenário internacional. Na Macedônia, ex-integrante da Iugoslávia, um grupo conhecido como SOS (sigla para “Stop Operation Soros”) acusa ONGs financiadas por Soros de tentar intervir na política do país. Na Hungria, o primeiro-ministro Viktor Orban é um crítico contumaz de seu rico compatriota, e a maioria parlamentar vem tentando impor legislações a fim de encerrar as atividades da Universidade Centro-Europeia, que Soros fundou em Budapeste em 1991.

A crítica ao “globalismo”, que também é uma das bandeiras do “Brexit” no Reino Unido, esteve ainda entre os principais argumentos dos apoiadores de Donald Trump nas eleições norte-americanas. O triunfo republicano ajudou a mostrar que, embora a influência de Soros seja muito grande nos rumos da política local e mundial, seu poder não é ilimitado – nem está à prova de surpresas. No caso dos EUA, a vitória de Trump não foi apenas um duro golpe nas ideias defendidas pelo magnata: também pesou no seu bolso. Estimativas recentes indicam que George Soros viu sua fortuna encolher cerca de um bilhão de dólares desde novembro de 2016, quando as urnas confirmaram que Hillary não voltaria à Casa Branca.

George Soros, o financiador da esquerda brasileira

Quando, jovem e tardiamente, comecei a interessar-me pelo que acontecia no Brasil e no mundo, era pela imprensa que eu buscava informação e análise. Jornais, revistas e televisão eram as minhas fontes. Se os meios de comunicação e os seus comentaristas eram disfarçadamente parciais, política e ideologicamente engajados, tal me escapava. Tamanha era força da imprensa e do mito da imparcialidade que leitores como eu, o leitor médio, éramos incapazes de identificar qualquer viés político de esquerda no conteúdo que nos era apresentado. O que lá estava escrito nas publicações ou dito em imagens na tevê era, portanto, a representação fiel da realidade.

Com o passar dos anos, era natural que eu e tantos outros achássemos que nossas opiniões individuais eram nossas e não, como de fato eram, meras reproduções da posição política de jornalistas, comentaristas, enfim, de toda a fauna conhecida como formadora de opinião.

Quando os diretores e operários de esquerda da imprensa brasileira decidiam que tal e qual assunto deveria ser objeto de exposição pública e debate, expunham-no de uma maneira que o conteúdo direcionasse e definisse a opinião do leitor ou do espectador. Ao esconder-se sob o falso manto da imparcialidade, a empresa jornalística enganava os seus consumidores ao maquiar a forma de apresentar a informação e ao colocar especialistas de esquerda que defendiam a sua visão de mundo como se ambas, opinião e visão de mundo de esquerda, fossem a verdade e não a sua imitação fraudulenta.

Se até poucos anos atrás essa postura passava incólume, hoje, graças ao bom Deus, uma parcela cada vez mais numerosa da sociedade brasileira está sendo exposta a essa imitação fraudulenta da verdade empreendida por parte da grande imprensa e de organizações cada vez mais atuantes naquilo que se chama de debate público, que nada mais é, como sempre disse um amigo, debate publicado.

Os representantes dessas organizações têm uma espécie de sala VIP em grandes jornais e emissoras de tevê. Não importa o que digam e defendam, contam sempre com a valiosa ajuda dos grandes canais de comunicação e assim também conseguem influenciar a produção artística das empresas, como programas de auditório, séries e novelas. Dessa forma, o telespectador é submetido a uma grade de programação revolucionária que gradualmente faz cumprir o seu intento de destruir a imaginação moral, de mudar mentalidades e, portanto, a sociedade.

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Várias dessas entidades que gozam de prestígio na tevê e na grande imprensa brasileira são financiadas por um bilionário húngaro-americano que tem como objetivo promover uma engenharia social mundial que atenda a sua agenda ideológica e empresarial. Para isso, George Soros não economiza dinheiro nem esforços. Graças aos vazamentos de documentos feitos no ano passado pelo Wikileaks e pelo DC Leaks foi possível constatar a dimensão, ainda que parcial, dessa drenagem de recursos para organizações, partidos e políticos de esquerda em várias partes do mundo, dos Estados Unidos, passando pela Hungria até chegar ao Brasil.

Dias atrás, foi noticiado que Soros fez nos últimos anos doações que somaram US$ 18 bilhões para a sua organização Open Society Foundations, nome inspirado no famoso livro A Sociedade Aberta e os Seus Inimigos (volumes 1 e 2), de Karl Popper, que deve estar se revirando no túmulo em virtude da homenagem.

Até mesmo para Soros essa doação para a sua própria fundação é algo impressionante e mostra a seriedade com que ele encara o trabalho desenvolvido pela Open Society. Como salientou o jornal de esquerda The New York Times, foi uma das maiores doações de dinheiro já feitas por um doador privado para uma única instituição nos Estados Unidos. Isso significa que haverá verba ainda mais farta para as esquerdas nativas potencializarem o trabalho revolucionário que já desenvolvem.

Nos Estados Unidos, há anos Soros é um dos maiores doadores do Partido Democrata. Na eleição presidencial passada, investiu muito dinheiro na campanha da candidata Hillary Clinton, que perdeu a eleição para Donald Trump. A vitória de Trump acendeu o alerta vermelho da organização, que passou a trabalhar com um “novo senso de urgência”, segundo disse ao New York Times o vice-presidente da entidade, Patrick Gaspard.

Aqueles documentos vazados no ano passado pelos sites Wikileaks e DC Leaks que eu mencionei mostraram o grau de influência de Soros sobre Hillary e o Partido Democrata, que receberam ambos cerca de US$ 25 milhões do bilionário para a eleição de 2016. Soros é, aliás, um dos maiores doadores de toda a carreira política de Hillary.

Como esse tipo de apoio nunca sai de graça e quem decide fazer o pacto uma hora terá de prestar contas a Mefistófeles (obrigado, Goethe), um dos e-mails vazados revelou que Soros, mediante um representante, enviou instruções a Hillary, então secretária de Estado do governo de Barack Obama, para intervir na política da Albânia, país onde ele tem negócios. Três dias depois da mensagem, o nome sugerido por Soros, Miroslav Lajcak, foi enviado pela União Europeia para mediar o conflito entre os rivais políticos albaneses.

Investindo o seu dinheiro de forma estratégica, Soros também teria orientado políticos do Partido Democrata para fazer valer seus interesses dentro e fora dos Estados Unidos, além de ter tentado manipular eleições na Europa. Ainda segundo os documentos vazados, através da Open Society, o bilionário financiou entidades em várias partes do mundo.

No Brasil e em outros países da América Latina, a Open Society injeta cerca de US$ 37 milhões por ano. A Fundação Ford, igualmente notória por financiar esquerdistas ao redor do mundo, destina US$ 25 milhões para organizações de esquerda de países latino-americanos.

Esse dinheiro só vai, porém, para iniciativas que atendam o grande projeto global de revolução social financiado por Soros, o que significa promover o aborto, a legalização das drogas e ataques sistemáticos a todos os costumes, tradições e instituições sociais que de alguma maneira ainda protegem a sociedade brasileira da ação revolucionária. Por isso, o apoio cada vez maior a grupos que usam o termo “mídia independente” para desenvolver de forma radical e inclusive pressionar o trabalho realizado pela grande imprensa.

Um desses projetos é a Mídia Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação), que ficou conhecida nas manifestações de 2013 dizendo-se independente, mas que havia recebido US$ 80 mil da Open Society. Vinculado ao Fora do Eixo, entidade chefiada por Pablo Capilé, a Mídia Ninja inaugurou na semana passada a sua nova sede na região central de São Paulo. Para legitimar seu trabalho, reuniu a fauna e a flora artística de esquerda. Foi nesse evento que Caetano Veloso tentou ser humorista: “Algum conservadorismo é necessário. Pode não ser desejável, mas é necessário”. O cantor e compositor inaugurou com a frase um novo ofício: bedel do conservadorismo pátrio – mesmo que ele não faça ideia do que seja conservadorismo.

Outra entidade que atua na seara da produção de conteúdo é a Agência Pública, do esquerdista Leonardo Sakamoto, que em cinco anos recebeu mais de R$ 1 milhão da Open Society. É com os dólares de Soros que a Agência Pública diz realizar um “modelo de jornalismo sem fins lucrativos para manter a independência”. Independência similar à da Mídia Ninja. Sakamoto é autor da célebre frase metafísica: “o que define uma mulher não é o que ela tem ou teve entre as pernas”.

Mas nessa relação entre imprensa, tevê e organizações financiadas por George Soros, destaca-se Ronaldo Lemos, comentarista da Globonews, cofundador e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS Rio). O ITS Rio recebeu da Open Society US$ 350 mil entre 2014 e 2015. Lemos foi talvez o nome mais conhecido na elaboração e defesa do Marco Civil da Internet, que abriu a possibilidade de regulação e de controle pelo Estado e que foi usado pela Justiça como fundamento jurídico para suspender o aplicativo WhatsApp.

Outro destaque é a também comentarista da Globonews (e voz cada vez mais conhecida na defesa da legalização das drogas) Ilona Szabó de Carvalho, diretora-executiva e coordenadora do Programa de Políticas sobre Drogas do Instituto Igarapé. Também financiado pela Open Society, o Igarapé recebeu mais de R$ 670 mil entre 2014 e 2015.

Em abril de 2015, aliás, houve um evento simbólico dessa relação: Ilona organizou junto com Pedro Abramovay, sobre quem falarei mais adiante, um jantar para George Soros no apartamento do casal Florencia Fontan Balestra e Fabiano Robalinho Cavalcanti, ambos do Instituto Igarapé. O encontro reuniu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Jorge Paulo Lemann (3G Capital), David Feffer (Grupo Suzano), Celso Lafer (advogado e professor), Guilherme Leal (Natura), Ricardo Marino (Itaú-Unibanco), Olavo Monteiro de Carvalho (Grupo Monteiro Aranha), Luciano Huck, Carlos Jereissati (Grupo Jereissati), Raphael Klein (Casas Bahia e Kviv Ventures) e Beatriz Gerdau (Grupo Gerdau). Nesse jantar no Rio de Janeiro, Soros falou sobre a cultura da filantropia, o que significa que ele falou sobre a sua cultura de filantropia para pessoas muito influentes e com muito dinheiro. Além disso, ele participou de um seminário sobre drogas.

Ainda sobre o ITS Rio, junto com Ronaldo Lemos integram a equipe Eliane Costa, que foi gerente de patrocínio da Petrobras de 2003 a 2012 (ou seja, durante todo o governo Lula); Lucia Nader, que é Fellow da Open Society; e Ana Toni, que integra o conselho editorial do jornal socialista Le Monde Diplomatique Brasil e que atuou como diretora da Fundação Ford no Brasil de 2003 a 2011 (quase o mesmo período em que sua colega trabalhou na Petrobras).

A drenagem dos recursos de Soros também alimenta entidades criadas por aquelas já financiadas pela Open Society. O ITS Rio, por exemplo, criou o site Mudamos.org, que recebe dinheiro de Soros e orgulha-se de ter participado da criação do Marco Civil da Internet. O dinheiro entra por vários canais, mas converge para o mesmo duto. O idealizador do Mudamos.org é o sociólogo socialista Luiz Eduardo Soares. Ele foi secretário de Segurança Pública do governo Anthony Garotinho, no Rio de Janeiro, e secretário nacional de Segurança Pública do governo Lula, além de coautor do livro Elite da Tropa, que serviu de base para o filme Tropa de Elite. Soares é notório defensor da desmilitarização da Polícia Militar e da descriminalização das drogas, cuja proibição tem como consequência, segundo ele, “a criminalização da pobreza, sem reduzir a criminalidade ou o consumo de drogas”. Se a pobreza é criminalizada em função da proibição, o sociólogo está dizendo que os pobres são criminalizados por envolvimento com as drogas? Não seria esta uma posição altamente preconceituosa e falsa de alguém que se equilibra entre Karl Marx e Michel Foucault?

Outras organizações que receberam dinheiro de Soros para influenciar a sociedade brasileira para liberação das drogas foram o Movimento Viva Rio, que entre 2009 e 2014 recebeu US$ 107 mil para atuar na defesa da liberação das drogas; e o Instituto Fernando Henrique Cardoso, que recebeu US$ 111.220 entre 2015 e 2016. O ex-presidente tornou-se a voz mais famosa a defender a legalização.

Há ainda o Instituto Arapyaú, fundado por Guilherme Leal, um dos donos da empresa Natura e que, em 2010, foi candidato a vice-presidente de Marina Silva, que foi petista por 24 anos até pedir para sair em 2009. Um dos membros do conselho de governança é o petista Oded Grajew, idealizador do Fórum Social Mundial (a disneylândia do socialismo latinoamericano), ex-assessor especial do presidente Lula e coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, que recebeu US$ 500 mil da Open Society em 2014 e 2015.

A lista vai além. O projeto Alerta Democrático, que recebeu US$ 512.438 em 2014 da Open Society Foundations, tem na sua equipe o já citado petista Pedro Abramovay, que trabalhou no Ministério da Justiça nos governos Lula e Dilma e que é, vejam só, Diretor Regional para América Latina e Caribe da própria Open Society. Abramovay também foi diretor no Brasil do site de petições Avaaz, que ele definiu “como um movimento que tem princípios”, não uma rede social ou “um espaço neutro”. Por isso, só aceita petições de causas afeitas à ideologia e retira do ar qualquer petição que vá “contra os princípios do movimento”. Outro integrante da equipe do Alerta Democrático é o ex-BBB Jean Wyllys, que usa o seu mandato de deputado federal para fazer valer o projeto de engenharia social mediante mudança de comportamentos de cima para baixo pela ação do Estado.

O financiamento de organizações socialistas e comunistas por uma certa elite econômica nem é uma novidade histórica: os revolucionários russos foram financiados por grandes empresários para fazerem a revolução de 1917; os nazistas foram financiados por grandes empresários para conquistarem o poder em 1932; os petistas foram financiados por grandes empresários até conquistarem o governo federal em 2002 (a Operação Lava Jato apresenta cada dia mais a dimensão, por ora incalculável, desse financiamento).

A agenda de Soros e a das organizações de esquerda é uma só ou converge em muitos pontos, a depender da organização e do país onde está sediada. O bilionário financia projetos que se coadunam com sua visão revolucionária de mundo; os revolucionários aceitam a doação porque o dinheiro financia o seu projeto revolucionário de mudar o mundo.

O primeiro a denunciar o projeto global de Soros via financiamento de organizações de esquerda foi o professor Olavo de Carvalho, a partir do fim da década de 1990. Muitos artigos sobre o tema foram publicados no jornal O Globo e depois reunidos no livro O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota, organizado por Felipe Moura Brasil e publicado pela Editora Record.

E por que Soros faz o que faz?

Algumas respostas foram dadas pelo autor de Por trás da Máscara, Flavio Morgenstern, no podcast do site Senso Incomum, e pelo também colunista da Gazeta do Povo Alexandre Borges:

Soros é, possivelmente, o indivíduo sem cargo eletivo mais influente do mundo. (…)

George Soros se vê como um missionário das próprias utopias e não conhece limites para usar sua fortuna quase sem paralelo para influenciar a política, a imprensa e a opinião pública em diversos países, especialmente os EUA. Como ele mesmo disse, ‘minha principal diferença de outros com uma quantidade de recursos acumulados parecida com a minha é que não tenho muito uso pessoal para o dinheiro, meu principal interesse é em ideias.

(…)

A Open Society é uma ONG bilionária destinada a influenciar a opinião pública e a política no mundo. Ela está presente em mais de 70 países é tão poderosa que, em alguns regimes, é considerada um ‘governo informal’. Nos EUA, mantém o poderosíssimo Media Matters, que dá o tom de praticamente toda a imprensa americana, além de ser o principal financiador do The Huffington Post, um ícone da esquerda mundial.

(…)

O número de fundações, ONGs, sindicatos e veículos de comunicação que recebem dinheiro de George Soros ou de suas fundações é tão vasto que só um incansável pesquisador como David Horowitz para catalogar e publicar no seu portal Discover the Networks. Se você tiver curiosidade, é só clicar aqui.

Depois de descobrir qual é a agenda dessas organizações, quem as representa e as financia, e a influência que exercem na política, na economia e na opinião pública no Brasil, cabe a você refletir se aquilo que você pensa sobre desarmamento, liberação das drogas, desmilitarização da PM, democracia e outros temas é o resultado de uma análise genuína baseada em informações precisas ou uma mera repetição de discursos ideológicos previamente criados por esses revolucionários financiados pelo grande capital que costumam criticar.

Porque as agendas políticas que hoje despertam paixões, que provocam “polêmicas” e discussões nas redes sociais são muitas vezes o resultado de um trabalho muito bem articulado de instituições e personagens que nem sempre aparecem ou que aparecem como especialistas imparciais. Convém ter isso em mente e estar sempre alerta antes de defender determinadas posições e de agir como inocente útil de uma ideologia e de um projeto político tão ocultos quanto infames. Não se enganem: hoje, em qualquer canto onde haja um projeto revolucionário, George Soros está lá.